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Mariana Olá! Podes nos falar um pouco do ti e do teu percurso ?
Eu nasci e cresci na cidade numa altura em que ainda se brincava na rua mais tempo do que aquele que passava em frente a um ecrã. Acho também que talvez tenha tido sorte em ter um avô que estava sempre a ter ideias novas sobre coisas para fazer e lugares que me queria mostrar. Ele inspirou-me muito enquanto crescia e grande parte de quem eu sou vem dele. Mas tive que tentar outras coisas - estudei literatura por muito tempo, até ter tido a certeza e confiança de que o que queria fazer era criar. Eu ainda adoro literatura, mas mais como um velho amigo que se visita de vez em quando. Criar algo, seja desenhar, construir, esculpir, tatuar, é o que quero fazer todos os dias para o resto da minha vida.
Também trabalhas com a pele, ainda que de uma forma bastante distinta, com uma diferente aproximação a esta. Quais são as primeiras palavras que te vêm à mente quando pensas em pele?
A pele é imprevisível. É o que a torna tão interessante e desafiadora de se trabalhar.
Acreditas que tatuar é uma forma de expressar os sentimentos e emoções?
Para mim é. Eu coloco muito de mim durante todo o processo. Não é apenas tatuar, é também estar presente, compartilhar um momento. É estar a criar na pele de outra pessoa. Existe um pouco de ti aí.
A natureza e as pessoas sempre foram uma fonte de inspiração para a tua prática artística?
Definitivamente. A natureza sempre esteve muito presente na minha vida desde criança quando ia para o quintal dos meus avós no interior do país. Era o meu lugar favorito e a maior parte das memórias que me são mais queridas remontam a esses tempos. Viver na cidade torna mais difícil sentir a ligação com a natureza mas sinto que está sempre cá. Sempre que volto ao quintal dos meus avós sinto que na verdade nunca de lá saí. E portanto acabo por desenhar qualquer coisa que me relembre desses tempos – frutas, flores, plantas, animais.
As pessoas também me inspiram, mas de uma forma diferente. Adoro conversar e ouvir historias tanto quanto gosto de ver o que elas criam. Motivam-me a continuar a fazer o que eu faço.
Quanto de ti está embebido no teu trabalho?
Para mim é difícil separar o artista do seu trabalho. Nós criamos, construímos, imaginamos – há sempre um bocado de nós. Eu gosto de pensar que sou como a arte que faço – doce, colorida e um pouco ingénua – estilo criança.
Beleza, como a defines?
Não dá para definir. É a cara tranquilizante do nosso cão enquanto dorme, a luminosidade do pelo do nosso gato a desfrutar do sol ou os olhos de alguém de quem gostas. Estes pequenos clichés acabam por ser a beleza no mundo.
Sempre estiveste confortável com o teu corpo? com a tua pele?
De todo. É uma relação de amor-ódio e um trabalho em curso. Eu adoro porque permite-me ser eu, permite-me criar. Ainda que cresçamos cercados de padrões de beleza numa sociedade que dá demasiada importância à forma como aparentas, o que por sua vez é algo complicado. É aí que as tatuagens entram. Toda a gente que já tatuei contribuiu de alguma forma para o meu crescimento, para o que eu sou. Ajuda-me a afastar do que são esses padrões de beleza e em simultâneo aproxima-me do que eu acho que a beleza é.
Qual é para ti a importância de escolher produtos de origem vegan e orgânica?
Eu cresci perto da natureza, nem sempre de forma física, mas sempre a senti em mim. Cresci sempre com um certo carinho pela natureza e pelos animais. Com um sentido de respeito e uma facilidade em perceber o quão importantes eles são. E, portanto, procuro viver de acordo com isso o mais possível – sigo uma dieta à base de plantas, tento ser cuidadosa com as proveniências dos produtos que consumo e tento juntar o máximo de informação possível e pensar de forma cuidadosa antes de comprar o quer que seja. Nem sempre é fácil, mas desde que se tente e procuremos fazer o melhor possível, está tudo bem.
O que gostas mais dos produtos da Miaskin?
Antes de tudo o cheiro – bolachas de limão e chá. Lembra-me dos finais de tarde com os meus avós. Adoro como me faz a pele mais suave e hidratada, mesmo que não tenha bebido água nenhuma. Para além de que é difícil encontrar produtos que não causem reações na minha pele, especialmente na minha cara que é propensa a rosáceas e alergias. A miaskin é uma boa surpresa.
Fala-nos desta colaboração com a Miaskin. Qual foi a fonte de inspiração para estes desenhos?
Voltei à minha infância com estes desenhos. As cores claras, os frutos que adoro, as flores do jardim da casa dos meus avós. Dei a mim própria o tempo e a liberdade de desenhar e pintar por horas sem fim, como quando era criança. Sem pensar demasiado sobre o resultado e focada inteiramente no processo. Quis criar qualquer coisa de feliz.
Créditos fotografia: Jeniffer Lima Pais